A cerimónia de abertura do ano letivo 2020/2021 teve lugar no Cineteatro de Estarreja, no dia oito de setembro, e contou com a presença do ilustre orador, médico e investigador, Manuel Sobrinho Simões, subordinando a sua intervenção ao tema "A Comunicação ou a arte da promoção de competências - a visão de um médico especialista em cancro".
Após as palavras de boas-vindas proferidas pelo Presidente da Câmara de Estarreja, Dr. Diamantino Sabina, seguiu-se a intervenção do Diretor do Agrupamento de Escolas de Estarreja, Dr. Jorge Ventura, que, na sua visão transformadora e crítica, pensa a Educação no mundo contemporâneo enquanto “janela” aberta à interpretação de valores, podendo vir a constituir novos modelos de apreciação, atravessada pela “Arte, Comunicação, Conhecimento e Aprendizagem”, aspetos inequívocos de relevância e importância, que nortearam o seu discurso.
Subordinado a esse mosaico de diferentes campos de representação, feito de razão de ser do seu compromisso maior com a Escola, afirmou que “é diante destes aparentemente inelutáveis desafios de um exercício de pensamento em educação, que o lugar da Escola é reabilitado. Se, por um lado, a educação se abre à necessidade de pensar para além da sua própria herança metafísica, pode ser possível vislumbrar-se toda a beleza do mundo olhando, só, para um hiato de árvores. No entanto, é tempo de olharmos, sim, para a grandiosidade da Floresta (…) e se estamos aqui, hoje, é porque somos floresta, (… ) se estamos aqui, hoje, é porque não podemos permitir que a Escola seja adiada, da mesma maneira que não pode ser possível criar uma nova álgebra esquecendo das conjunções e dos separadores aritméticos, também, sem a floresta, apenas olhando para um aglomerado de árvores, por muito extraordinário que este seja, temos que saber-fazer Floresta, a Escola, tal como a casualidade ser indecidível quanto ao futuro, mas não quanto ao passado, temos que prosseguir um futuro maior, Futuro este, perpetrado na Arte, Cultura e Comunicação. (…) Todavia, se toda a vida tem uma Música, é necessário que consigamos reconhecer, que a Arte é também a base da Comunicação, é importante que saibamos comunicar, que todos nós saibamos construir aprendizagem e conhecimento, e tal como o nosso ilustre convidado, cientista, de renome mundial, Professor Doutor Manuel Simões Sobrinho, devemos perceber o quão importante é ser simples para construir ciência, construir Excelência. (…) Que nos possamos deslumbrar, sempre, mesmo que tenhamos a certeza de estar perante a maior árvore, sem a presença da excelsa beleza da floresta, a força mais profunda do esplendor inteligível e inspirador do todo, tudo fará sentido na relação indissolúvel do conhecimento e aprendizagem no desenvolvimento de competências. (…) Neste crer e sentir é indubitavelmente necessário que permaneçamos, também, todos unidos e sejamos transparentes na intencionalidade de conceber uma “Escola Floresta”, suportada nas várias sublimes árvores, criando a Excelência, criando uma Escola Maior.”
O Diretor do AEE vem, assim, alicerçar o seu pensamento no proceder, pensar, sentir e criar, focando-se na relação entre Comunicação, Conhecimento e Arte, suportadas na necessidade de uma renovação educacional.
Estava dado o mote, seguindo-se a intervenção singular do patologista mais influente do mundo, Manuel Simões Sobrinho, médico, cientista e professor emérito. Comunicação genuína que, no seu estilo de grande afabilidade, arrebatou a assembleia, ao dissertar sobre temas de centralidade maior, no contexto da escola. Assim, o valor dos “C” orientou a parte inicial da sua intervenção: Comunidade, Comunicação – com base no Conhecimento e nas Competências -, Cultura e Civilização. Levantou a questão fundamental, “Quem somos?” e como a humanidade e a sustentabilidade são questões prementes da nossa vida, à qual não é alheio problema da longevidade crescente. A importância de “árvore” de nunca esconder a imensa” floresta”, relação suportada nas competências, atitudes e valores, outro aspeto relevante do seu discurso.
Segundo o ilustre palestrante, o significado e o alcance do valor das competências reside no facto de, perante as singularidades, não veríamos o todo e, perante as mesmas árvores, não veríamos a floresta. Nesta sociedade e na escola de hoje, por vezes, enquanto educadores somos incapazes de percecionar os obstáculos e desafios, quanto mais alcançar a beleza da Escola, a diversidade cultural, enfatizou, Manuel Simões Sobrinho. De acordo com a sua experiência, “para além do poder da esperança não nos podemos esquecer da educação, trabalho, solidariedade, organização. Numa sociedade transversal, temos cada vez mais que estimular a verticalidade da solidariedade e aprender com a solidariedade intergeracional”. Outro dos aspetos a salientar na sua intervenção é que, ainda que exista uma relação entre solidão e isolamento, esses conceitos remetem para significados distintos. Cada vez mais, é importante perceber a sociedade atual como sendo multigeracional, e dependente das trocas entre gerações para ser bem-sucedida. Pelo contacto geracional é possível partilhar experiências, conhecimentos e competências, assim como valores e atitudes que visam aproximar a Escola e a Comunidade. Uma mais-valia suportada na exploração dos intercâmbios de saberes intergeracionais, acarretando Valor na forma de pensar e de agir de cada indivíduo, garantindo uma educação de qualidade superior.
O final da sessão foi marcado pela homenagem a docentes e não docentes aposentados, o reconhecimento do significativo contributo destes profissionais para a educação e formação de crianças e jovens do concelho. Salienta-se um emotivo agradecimento de Manuel Matos, ao proferir breves palavras de gratidão por uma profissão que, não sendo fácil, lhe trouxe recompensas de diversa ordem, também as boas e grandes amizades que ficaram.
Mantendo presentes os princípios da confiança, da segurança, da proximidade e da cooperação, todos os intervenientes deixaram votos de um ótimo ano letivo 2020/2021 a toda a comunidade educativa.
Prof.ra Rosário Santos
[Coordenadora Comunicação do AEE]