Espécies Invasoras VS Espécies Autóctones | Dia da Floresta Autóctone | Eco-Escolas da ESE & Município de Estarreja| 23-11-2023

No dia 23 de novembro, Dia da Floresta Autóctone, a comunidade escolar da Escola Secundária pôde participar na atividade de remoção de uma espécie invasora junto do bloco E, a Cortaderia selloana, nome científico, vulgarmente conhecida por “erva das pampas, penachos, paina, capim-das-pampas, plumas, penacho-branco”. Esta integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras em Portugal. 

Esta atividade foi da iniciativa do Eco Conselho da ESE, em articulação com a generosa colaboração e participação do município de Estarreja, integrando o 2º momento do cronograma de atividades do evento do Hastear da Bandeira Verde.

O jovem biólogo do município, Dr. Rafael Marques, antigo aluno da ESE, começou com uma breve abordagem teórica à problemática das espécies invasoras em Portugal, caracterizando a espécie suprarreferida. 

A erva das pampas, que apresenta plumas muito vistosas, é originária da América do Sul e foi introduzida no nosso país como planta ornamental em jardins. Esta espécie herbácea pode atingir até 2,5m de altura e 3,5m de diâmetro. Tem umas folhas compridas e estreitas e de margens ásperas, até mesmo cortantes, normalmente verdes ou acinzentadas quando mais secas. Todos lhe conhecem as suas plumas branco-prateadas que podem medir até 70cm, o que pode elevar a altura total desta planta a mais de quatro metros. A pouco e pouco, começou a espalhar-se de forma descontrolada, sendo hoje uma das plantas exóticas invasoras que mais tem aumentado a sua distribuição em Portugal. Uma só planta é capaz de produzir até 1 milhão de sementes que, uma vez dispersas pelo vento, acabam por dar origem a novos focos de infestação até vários quilómetros de distância da planta mãe. Apesar da sua beleza, esta planta pode causar alergias e ferimentos (uma vez que as suas folhas são muito cortantes) e constitui uma ameaça séria à biodiversidade e vegetação autóctones de Portugal. A sua contenção é muito difícil, mostrando-se eficaz apenas a utilização de alguns herbicidas, o que se torna muito dispendioso e com bastante impacto ambiental.

O Dr. Rafael Marques prosseguiu a sua intervenção, convidando os alunos a participar na tarefa de remoção da planta, recorrendo a meios e técnicas simples e sustentáveis, acessíveis a qualquer elemento da comunidade escolar. Foi bastante gratificante observar o esforço, empenho e entusiasmo dos alunos e demais elementos na concretização da tarefa com sucesso.

Depois de removida a invasora e preparado o espaço anteriormente ocupado pela mesma, este foi embelezado com a plantação de espécies autóctones - um medronheiro e três gilbardeiras, oferecidas pelo município.

O medronheiro é reconhecido como espécie ornamental, melífera e medicinal, mas são os seus frutos e resiliência que reforçam o seu valor económico e ecológico. Conhecido essencialmente pela aguardente que se produz com o seu fruto, o medronheiro, Arbutos unedo, é um arbusto mediterrânico que se pode encontrar por todo o país. Nos últimos anos, tem vindo a adquirir um papel de destaque no panorama (agro) florestal nacional, sendo uma das plantas privilegiadas em muitas zonas rurais onde se pretende compatibilizar o rendimento dos espaços agroflorestais com a conservação, a paisagem, o turismo e a sustentabilidade.

A gilbardeira, Ruscus aculeatus, da família das asparagáceas, é um arbusto nativo de Portugal e de várias regiões da Europa. Conhecida por diferentes nomes comuns, como “Gilbardeira”, “Açafate”, “Açafroeira” e “Murta-brava”. Ao olharmos para a gilbardeira diríamos que ela tem folhas, mas na realidade o que observamos são caules espalmados, chamados Cladóidos, que terminam numa estrutura semelhante a um espinho. Estes cladódios são estruturas modificadas para a fotossíntese, possuindo clorofila, sendo, portanto, capazes de converter a luz solar em energia.  Ao contrário das folhas normais, os cladódios da gilbardeira possuem uma longa vida útil, uma adaptação que contribui para a sua capacidade de resistir às condições ambientais adversas. Para além disso é na parte inferior dos cladódios que podemos encontrar as flores e frutos da gilbardeira.

A atividade contou com a presença do Diretor do Agrupamento de Escolas de Estarreja, professor Jorge Ventura, do Vice-Presidente do Município, Dr. João Alegria, da Eco Conselheira Municipal, Dra. Paula Silva, do representante da AdRA, engenheiro Nuno Vasconcelhos, e de uma moldura humana bastante significativa da comunidade escolar. 

Uma palavra de apreço ao apoio do município, ao excelente trabalho realizado pelo Dr. Rafael Marques e por Todos os que acarinharam e participaram ativamente neste desafio, reiterando a importância dos valores ESFORÇO, TRABALHO, COLABORAÇÃO e ENTREAJUDA!

A atividade terminou, na biblioteca escolar, com a degustação de um beberete, cuja ementa integrou bolachas de bolotas de sobreiro, entre outras, generosamente preparado pela professora Rosa Correia, coordenadora do Curso Profissional de Cozinha e Pastelaria, seus colegas e alunos. 

Bem-haja a todos pelo trabalho realizado!

 

“O planeta encantas, com cada árvore que plantas!”

 

P` Equipa de Trabalho,

Fátima Silva e António Rosa

(Eco-Escolas, ESE)